sábado, 11 de junho de 2011

Em entrevista, Leitieres Leite fala sobre Ivete Sangalo


Leitieres Leite  trabalhou 13 anos como maestro de Ivete Sangalo e fez arranjos para Daniela Mercury, Margareth Menezes, Olodum e Timbalada. No período em que ficou com Ivete, criou a Orkestra Rumpilezz, que leva no nome a fusão do sagrado com o profano: os atabaques do candomblé Rum, Rumpi e Lê ao "jazz". Jazz como uma palavra vaga, como uma palavra sonora, porque o que essa banda faz é música popular brasileira, ou, propriamente, uma música instrumental brasileira e universal. O que importa é a sonoridade. Aliás, o único representante do país no BMW Jazz Festival, com show hoje, sábado, no Auditório Ibirapuera, em São Paulo. Ingressos já esgotados. Mas às 17h30 do domingo, a orquestra abrirá o Festival Natura Musical, em Belo Horizonte, com Milton Nascimento, Maria Gadú, Carlinhos Brown e Roberta Sá.

Abaixo confira  o trecho da entrevista em que o músico fala sobre Ivete:
Como o senhor avalia essa discussão entre música "boa" e "ruim"? Talvez, sob o ponto de vista comercial, pode se entender julgamentos entre bom e ruim. Mas quando se toca com alguém também há uma relação de amor pela música. E é interessante o fato de o senhor ter sido maestro da Ivete. Porque no fundo, parece existir uma fusão. Existe música para dançar, para curtir, como a Ivete faz, esse negócio de tirar os pés do chão. Mas no coração da banda tinha um maestro como o senhor que, ao mesmo tempo, tem esse lado transcendental da música, da música como arte. Como o senhor vê esse entrosamento?
Letieres Leite - 'Posso falar de maneira bem categórica, porque eu vivi essa experiência. 13 anos trabalhei com a Ivete, fiz arranjos para a maioria dos grupos de Salvador, da música da Bahia como o Olodum, Timbalada, Margareth Menezes, Daniela Mercury. Fiz arranjos para a maioria desses artistas. E minha observação é a seguinte: o que me atraiu muito a fazer essa trabalho e estar lá fora é de ver que há uma possibilidade real de ter uma sobrevivência digna, de dar escola, plano de saúde, de ter um mercado de trabalho real sem sair de Salvador, e conseguir praticar música e ter uma remuneração para ter uma vida mais digna. E outro detalhe que uni isso muito forte que é o seguinte: todo esse movimento dependeu, a origem dele, saiu da mesma fonte de onde saiu a Rumpilezz, que é o universo percussivo baiano. Se encarar isso como uma árvore, nós somos galhos diferentes de uma mesma árvore. O tronco da árvore vem de dentro dos terreiros. E quando sai para a rua toma uma direção, como tomou a Rumpilezz, assim como a música que eu digo industrial, não comercial, porque a Rumpilezz também é comercial. Eu vendo a orquestra, eu vendo disco, eu sou comercial. Agora, a diferença: eu não sou industrial, em larga escala.'

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